Peito,
Contra o peito, contra o prumo, contra o mar
Socorro a meu próprio punho, ele não está atado,
Suspiro e caio, mergulho.
Nas costas,
carrego tudo o que colhi e guardei,
Frutos dos posicionamentos, dos questionamentos, das escolhas,
As minhas costas estão largas, mas suportam
Suportam e soberanamente, exalo.
Braços, pernas, frases,
Tudo bate, tudo voa,
A borboleta não sabe, mas intensamente vive um dia.
E eu, vivo todos como se eles fossem os últimos.
A noite pode até cair, mas eu continuo. Batendo.
Revezando entre bem e mal, noite ou dia,
Só sei que minha própria lua orienta as minhas vontades,
Se tenho a lua, tenho personalidade
E o toque dela só me agrada, gentil carinho
Dela sai a direção dos meus passos não direcionados.
Mesmo no submundo, no subnível,
Acho por onde retirar o ar do meu grito, da minha denúncia
E mergulho e saio, continuamente
Para mostrar que sou humana,
Mas enfrento com o peito como um Deus.
Não tem lirismo tolo no meu braço. Não tem vitrine
A minha única vidraça fala da minha vida. Ou não.
Porque vidraças denunciam, mas a minha apenas existe.
Minha vida está em aberto, porém escrita com meu próprio idioma.
Selado, meu.
Participam do meu mundo os que sabem esticar os pés, bater os braços,
Revirar em meia volta e se adaptar a novos sentidos, novos estilos,
Às vezes os segundos 50 metros que caminho, nada dizem dos primeiros,
Porque deixo o meu passado para trás, lavado.
Como tudo e como todos, banho.
Porque na verdade, não sou pétala, não sou espinho.
Sou esponja.
Posso ser o aço, posso ser a lã, mas quando passar você vai saber.
Porque acima de tudo, lavo, lavo.
Nado contra a corrente, enfrento sim.
E deixo nessa água as marcas que não cabem no meu mundo.
Afinal, meu mundo logo vai. E a vida valeu a pena.
(DIF – 12/05/2005)
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