domingo, 2 de abril de 2017

As partes iguais

E fica aquela paz
Aquele cheiro gelado
O prato lavado, a xícara de chá
a toalha de banho secando, na varanda, na pele
Fica justo, aqui esteve.

Fica o gosto de amora na boca vermelha
aquele aperto mais forte, que deixou marca
a marca do corpo afundado no colchão
que se esquivou de perguntar
de tecer
de enrolar
e se entregou ao tronco.

Fica o novo telefone arranjado, fica a promessa da salada
aquele desejo de que tudo acabe e demais demora
fica um pouco de vinho numa garrafa aberta
na mente aberta
no corpo aberto
e do coração, que já não se fecha mais.

Fica um pouco de cada coisa, que já não é pouco
como a pedra que se torna pó na mão, como o castelo
de areia arrasado pela água do mar
Vibrante

como que se numa resposta, ao toque especial
conseguíssemos deixar de ser pedra
e se quebrar
repartir em pequenos pontos de areia, sumindo no vento
dividindo a felicidade em partes iguais de pontos de pó.

E o pó deixa de ser pó.
Vira letra. Canção
Poema ou vira passagem de avião
telefonema
deve sim existi um jeito de se encontrar com o seu grão.

2 comentários:

F. disse...

ninguém faz poeminha pra quem nao merece!

DIF disse...
Este comentário foi removido pelo autor.